O CAVALGAR DO TEMPO
No cavalgar do tempo que corre veloz,
Eu monto um cavalo alazão sem freio.
Que me leva ao fim do mundo, um nó
Cego que não se desfaz, bastante feio.
Feio está o tempo invernoso e de chuva,
Época própria que nos arrefece com frio
Que só a lareira enfrenta com destemor,
Para enchar as nossas casas de calor.
Calor que aquece a minha doce cama
Onde me deito com receio de arrefecer,
E não conseguir dormir como é preciso,
Para usufruir o melhor do meu abrigo.
Abrigo é sorte minha eu ainda possuir,
Outros dormem na rua sem cobertas
De lã para os aquecer, triste sorte a sua
Não haver quem faça apelos e ofertas.
Ofertas são precisas pra valer aos pobres
Que se debatem com tantas necessidades
Ao longo do ano que parece não ter o fim
Que se deseja, por serem tristes realidades.
Arrefece minha alma, palpita meu coração,
Arrepia-se o meu corpo, endurece a pele,
Meu cérebro deixa de raciocinar, bloqueia
Meu sonhos e pensamentos, má encefaleia.
Estamos em trânsito para um estranho ano
Que é misterioso por conter tais surpresas
Como continuação do que vai agora findar,
Que foi um ano de não mais se relembrar.
Ruy Serrano - 28.12.2021