Andante
Lá fora há uma brisa que me espera,
que insiste em caminhar comigo,
ao meu lado, essa brisa persiste tenazmente.
Há um mundo maior que esse quarto!
Muitas angústias em cada feição vazia.
Tantas esperanças contidas nessa casa.
Muita solidão, quanta solidão entre paredes!
Há o balouçar das ondas imaginárias,
do navio de porto em porto,
das pessoas dentro dos navios,
das ondas dentro das pessoas!
Lá fora há mais que a vida,
que as ondas, que os navios, nesse imaginário!
Há muito mais que tudo isso, solidariamente.
Há a casa em silêncio, espectro de própria sombra,
escondendo as frustrações dormidas, amarguradas.
Frustrações lembradas em cada dia passado...
Indecifráveis casas!
Indecifráveis criaturas reunidas,
premeditadas desventuras, entre paredes.
Lá fora há mais que os anseios, as frustrações!
Há um abismo compartilhado nessa vida.
Há o imaginário do que não vejo, do que não ouço!
Há os segredos desses sonhos nessas casas desoladas.