Vês
Os olhos se abriram como o milagre da manhã
E todos os entendimentos inundaram inesperadamente
A visão, antes turva, agora era perfeita, clara e sem borrão
Como se posto um óculos ajustado acompanhado de colírio
E com os olhos abertos e a visão acertada
Agora passas a ver e vês
E desejas voltar ao tempo de cegueira
Não o podes, então só resta ver, e vês
Vês a dureza da realidade e tudo o que ignoravas
Vês o que era mentira e onde nunca houve verdade
Senta-te e as imagens de todos os incômodos formam-se
Vês as coisas como são em pura nitidez
Como despida do véu de ingenuidade
Vês tudo, como és, vês a nudez