Epifania

A verdade vem involuntariamente

Com sacudidas reais de coisas que já sabes, bem no íntimo

Mas preferes brincar no faz de conta

E não percebes que a negação não impede a omissão

Tampouco faz deixar de doer e impede a ferida de jorrar sangue

Foi uma epifania de sutura sem anestesia

Apontando em cada ponto o erro e a divergência

E com o álcool a limpar, podes, finalmente tudo claro enxergar

Rápido e lento o processo começa a findar

Ferida costurada com o fio da razão

Tratamento realizado, não há medicação

Ao final deixará uma cicatriz, e, com sorte, sem mais danos

O momento de epifania se vai e esvai

Numa breve passagem de tempo resultante de uma frase não muito longa

E assim, a lição, sem demora, aprendestes

E entre os mais de trinta pontos, algo é necessário

O tempo de recuperação não é de repouso

É de cumprir o que se prometeu

E parada, ao mais longe, compreender o que, de fato, aconteceu

Não foi um acidente, a epifania foi um presente

Embora não haja melodia, música, conselho, conversa que anestesie

Nada melhor que a costura das fontes de dor, ainda que com mais dor

Pois, pontos fechados serão, ao menos um dia, pontos curados

Nenhuma epifania é completa, essa se perde nos próprios versos

Devido a dolorosa verdade de que deixar o tempo passar é a ilusão dos tolos

Tudo muda, mas tudo continua igual, em raros momentos de lucidez,

Lutando contra aquilo que alcança em lugares que outrora eram maré mansa

Permitem de cada uma, ser o alimento da serventia

Fazendo encontrar, a passos curtos, o caminho da vida

O sentido de se ver além do que se é, mais do que se faz.

Tamyrys Hadassa
Enviado por Tamyrys Hadassa em 13/12/2021
Reeditado em 13/12/2021
Código do texto: T7406179
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.