NATAL
Sei que é Natal,
mas estou escabreado,
não porque seja Natal.
A minha vergonha
é justamente em sendo Natal,
eu me vi mais uma vez pedindo.
Pedindo paz, pedindo saúde,
pedindo até prosperidade!
Pedi a quem?
Logo a alguém que se doou
tão completamente,
que aceitou até morrer por nós.
Estou triste porque ainda
não aprendi de verdade
que devo é me doar.
Não aprendi a lição,
por isso estou triste,
isolado no meu egoísmo,
preso na minha solidão.
Se algum dia eu entender,
serei só doação.
Quando eu entender de fato,
não mais pedirei.
Só estenderei minha mão
para oferecer a todos
a minha existência,
a minha verdadeira razão.
Natal deveria ser
uma eterna estação
de abraçamentos.
Pois, acolher
é entender a plenitude
das manhãs,
seus novos horizontes
e o seu poder.
É abrir um sorriso
com a força
e a suavidade das auroras.
É construir,
mas também aceitar
e entender a casualidade
como princípio de tudo.
É ser a ponte
ou o caminho de tantas
vidas e diversas histórias,
é estender a mão
e começar um destino.
É um jeito de abraçar
de forma integral,
e com o máximo
das nossas capacidades
nos entregarmos
aos cuidados solicitados.
É ser uma gota de orvalho
em cada folha,
em cada pétala,
em cada rosto,
a cada instante,
a cada demanda
e ser essa presença
tão urgente e necessária
que suaviza e é capaz
de refletir os céus.