POEMINHA
Aprendi com Drummond
que o delírio poético
é delito sem prescrição,
comunhão mesmo à distância
entre espíritos mortos e vivos.
Os poetas, esses loucos,
soturnos, notívagos,
encontram no caminho
o sentido da pedra
ou o descaminho.
Tornam-se amantes noturnos
de Van Gogh, Barros,
Lispector, Caribé...
Tinha uma pedra,
sempre haverá uma pedra
sem blandícias de palavras
e sem solecismos.
A casual pedra
livremente encostada
no caminho, se tornou
cláusula pétrea da existência.