OUTRO POEMA SOBRE O INVERNO
OUTRO POEMA SOBRE O INVERNO
Assim como um poema
que escrevi no inverno pretérito,
escrevo outro agora,
com a mesma frieza emotiva
que me aquece o Espírito fraterno.
Sei que a fria emoção vigente,
é a mesma que exala
do estro consciencial,
deixando cair os versos trêmulos
de neve invernosa,
para se aninhar na lareira do poema.
Minha intenção não é escrever
um novo poema, realçando a frieza
poética do inverno, embora
os flocos de neve caindo, ilustre
o frio encanto de magia,
capaz de fazer o poema aquecer-se.
Comparo assim, cada poema invernal
que escrevo, com a frieza
que exala da morte carnal. Conquanto
o corpo rijo não mais sinta
a frialdade da vida morta,
a razão parece não se constranger
com o frio aparente
que envolve o corpo do poema,
porque o calor dos versos
oriundos do estro inventivo,
transforma os flocos de neve
em fagulhas que aquecem
o meu Espírito eterno, ainda que,
poeticamente,
predomine por algum tempo,
a beleza singular do inverno rigoroso.
Adilson Fontoura