O AEDO
O AEDO
Sou Aedo e adivinho
Cego para a luz
Vejo em mim o invisível
Tenho em mim o dom da vidência e da revelação.
O que aconteceu outrora, o que ainda não é.
Sou poeta, sou rapsodo, levo comigo a História, a memória
E a tradição. Levo para ti em meus braços o Mito da Criação.
Como Aedo sou Orfeu
Junto das Musas a interpretar
Como Rapsodo sou poeta
Os poemas de Homero vou apresentar
Ilíada e Odisseia dois épicos milenar
Na Grécia Antiga o dilema
Talvez daí venha o tema
E a História do mundo eu possa continuar
Na literatura universal
Foi no mundo ocidental
Que Homero encontrou lugar
Seus versos e poemas
Moldaram nossa cultura
Trouxeram esperança e ternura
Mostrando ao homem que os sonhos,
Assim como o amor, precisam continuar.
Na Grécia Arcaica
Sou Privado dos sentimentos
A razão suprimida em absoluto.
ensinamento transferido
conhecimento durável
Das Epopeias humanas, da origem do mundo
E dos Deuses
Aqui temos o Aedo Aquiles Herói e Helena em Tróia
Ouço o canto da Sereia,
Perdido nas ondas do Mar
Sou Ulisses na Odisseia
Meu Reino preciso encontrar
Estou de volta para casa
Em Ítaca, Penélope está a me esperar.
Um Aedo chamado Hesíodo, que viveu na Beócia, região norte da Grécia continental, transmitiu-nos importantes canções. Hesíodo e Homero estão nos umbrais da história grega, pois é a partir da época em que viveram que se divulgou mais intensamente o uso da escrita na Grécia. Mas foi como Aedos (e não como escritores) que eles compuseram suas canções: inspirados pelas deusas-musas, guiados pela deusa Memória, e servindo-se de técnicas de composição oral que durante séculos foram transmitidas de geração a geração.
Uma das canções de Hesíodo conta-nos como o mundo surgiu a partir dos primeiros deuses, dos amores e das lutas entre os deuses. Os mestres-escolas da Grécia clássica chamaram essa canção de Hesíodo Teogonia, que significa em grego “nascimento de deus” ou “dos deuses”. Esse nome teve tanto sucesso que até hoje essa canção é chamada assim. Os mestres-escolas gregos utilizavam-na para ensinar a ler e escrever: eles faziam leves marcas de letras em uma tabuinha de cera mole e mandavam a criança reforçar as marcas, tornando as letras bem visíveis, e depois explicavam o sentido dos versos assim escritos. A Teogonia constituía, com os poemas de Homero, a cartilha na qual os gregos aprendiam a ler, a pensar, a entender o mundo e a reverenciar o poder dos deuses.