Chuveiro
Deixa a água corrente e fria
Cair sobre seus ombros
E depois de já aquecida
Escorrer sobre seu dorso
Deixe a água corrente e fria
Tirar todo o peso morto
E então, sendo mais leve
Prepare-se para o outro
Entregue-se.
Aceite-se.
Deixe todos os anseios
Sumirem junto com a bruma
Deixe toda a vergonha
Ser limpa pela espuma
Deixe o apagar das luzes
Em comunhão consigo
Deixe os azulejos brancos
Montarem teu abrigo
Entregue-se.
Aceite-se.
Deixe o mal nascente
Ser cortado pela navalha
Deixe as lágrimas cadentes
Enxutas pela toalha
Entregue-se.
Aceite-se.
Deixe o ambiente em si
A pleno brio, perfumado
Deixe a força do porvir
De ímpeto renovado
Entregue-se.
Aceite-se.