PORQUÊ?
Porquê me olhas assim tão perturbada
Com esse ar que inspira vilania?
Porquê abraças tão forte a agonia,
Se sorriste,- enquanto chorei-, pela palmada?!
Porquê me deseja, desditosa, o desdém
E quer que eu vá p'ra lá, p'ra o Inferno?
Por que é que, desse amor que era eterno,
Quer que eu morra, vá p'ra o Quente Além?!
Porquê o ódio, tamanha judiação?
Porquê esse bloco de rancor no seu ventre?
Veja o lado bom da vida...se concentre!
Talvez brilhe p'ra si uma nova paixão...
Porquê andas triste, de tropeço em tropeço,
Rogando a Deus de segundo em segundo?
Porquê destruiste tão cedo o seu mundo
E hoje pagas em prestações o triste preço?
Porquê esse riso adolescente tornado pranto
Escraviza o seu peito de mulher que és?
Vejo um lago de lágrimas em seus pés
Enquanto ensaio um Salmo, um canto...
Se acaso passo por ti, finges que não me vês
E eu engulo a seco esse amargo desprezo
Mas, todos os dias, em silêncio, eu rezo
Que um dia descubras as respostas dos "porquês".
Octaviano Joba