PORQUÊ?

Porquê me olhas assim tão perturbada

Com esse ar que inspira vilania?

Porquê abraças tão forte a agonia,

Se sorriste,- enquanto chorei-, pela palmada?!

Porquê me deseja, desditosa, o desdém

E quer que eu vá p'ra lá, p'ra o Inferno?

Por que é que, desse amor que era eterno,

Quer que eu morra, vá p'ra o Quente Além?!

Porquê o ódio, tamanha judiação?

Porquê esse bloco de rancor no seu ventre?

Veja o lado bom da vida...se concentre!

Talvez brilhe p'ra si uma nova paixão...

Porquê andas triste, de tropeço em tropeço,

Rogando a Deus de segundo em segundo?

Porquê destruiste tão cedo o seu mundo

E hoje pagas em prestações o triste preço?

Porquê esse riso adolescente tornado pranto

Escraviza o seu peito de mulher que és?

Vejo um lago de lágrimas em seus pés

Enquanto ensaio um Salmo, um canto...

Se acaso passo por ti, finges que não me vês

E eu engulo a seco esse amargo desprezo

Mas, todos os dias, em silêncio, eu rezo

Que um dia descubras as respostas dos "porquês".

Octaviano Joba

Octaviano Joba
Enviado por Octaviano Joba em 10/11/2021
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