Verme Enfermo Bipolar 🤢 (não é fofo)
Num dia qualquer desses,
eu acordei
me sentindo estranho
como se fosse diferente
e como se não fosse mais aquela criança
Só com olhar de esperança.
Acordei num dia desses
sem braços nem pernas
sem crânio nem bunda
sem tronco nem bacia
sem língua nem orelhas
sem pulmão nem coração...
Num dia desses,
tornei-me pequeno,
apequenei-me na minha dor;
tornei-me um verme,
Renunciei-me de ser pessoa;
tornei-me desumano,
rejeitei-me de ser quem sou.
Tornei-me um verme
Despersonalizei-me
Desumanizei-me
Sem sentimentos,
sem vontades,
Sem desejos,
Sem medos,
Desfiz-me.
Num outro dia daqueles,
a pessoa acordou.
Refiz-me!
Personalizei-me.
Tornei-me grande.
Engrandeci-me.
Exaltei-me.
Pareceu que existi
ainda rejeitando-me.
Num dia daqueles,
Chorei
e gritei,
Mas ainda assim, tinha esperança
de que a criança
ainda existia
porque minhas emoções
embora descontroladas eu sentia...
Parecia que vivia
ou que sobrevivia...
E ia assim...
Num ciclo interminável,
Num dia, verme
Que não respira.
Noutro dia, pessoa
que chora e grita,
Via natural
como de um habitual
animal
sobrenatural,
especial,
surreal
de sobreviver entre o
Desfazer-se
E o refazer-se.
E nesse ciclo de dias
desses e daqueles
intermináveis,
insuportáveis,
indecifráveis,
bipolares,
lunares,
solares,
eu não sabia mais
quem eu era...