A passar pela janela.
A janela, que hoje range, ainda é a mesma
Aquele arbusto, a jasmineira
A pele, outrora...a pele
O músculo que espasma
A hora, o tempo, a vida, o custo, a espera
Era tudo um sonho, um som que vem
Que nem se fosse um vento, um canto
O pranto desses pássaros
A pele que era tão...e que era tanto
Pensamento vem de algum lugar
Hoje parece ser tão longe quanto o é
Ontem não era
Ontem, uma ilusão
Tanto faz se futuro ou passado
Quando se aprende a olhar no escuro
É triste, não existem corações assim, desertos
Tanto faz se perto ou longe
A janela ainda é a mesma, hoje ela range
O Sol no céu não mudou nada
Coração deserto, todo mundo aqui
Se olhar de perto, olhar por dentro
Por certo quase todo mundo ainda é igual
É como olhar a capa, o livro, há muito o li
A história ainda é a mesma, amarelada
Mas a maneira de entendê-la, não.
A janela, hoje pintada
Imita outra, finge nova
Mas o tempo limita, põe à prova, leva ao longe
Tão longe quanto o é, quanto parece ser
E a janela, outrora aquela, agora range.
Edson Ricardo Paiva.