Sepultamento
Caminho para longe da linha do tempo
Onde meu futuro é descoberto
Caminho contra o vento,
Até assim desafio minhas fraquezas
Para não haver certezas em meu destino
Tenho medo do meu amanhã
Que me traga notícias ruins
E que me machuque mais
Ou reabra antigas feridas tão conhecidas e escondidas na minha psiqué
O tempo não as cura, ele apenas nos acostuma carregá-las
Temo que me traga a dor mais conhecida,
E tão repelida pelo meu ser
Aquela que não sei lidar, que fujo
A dor da partida.
A ida sem volta
O embarque a jornada do oculto
Onde a distância nunca deixa de ser infinita
A saudade é o que não parte
O trem bala, rumo ao abstrato no vagão solitário
Com chegada ao indefinido
Não compreendida
Não programada
Só confirmada na hora exata, é o seu dia!
Aceite a ida tão dolorida,
Ninguém nos conforta e o dia do seu aniversário
Passa a ser o dia dos finados. Como comemorar?
A morte brinda a vida, porque sabe que um dia a vida pertencerá à ela.
Única certeza que temos
E mesmo assim não aceitamos.
Dizemos até breve, porque um dia a gente se encontra do lado de lá
encontrando-se com os nossos, há tempos ido.
E o lado de cá vira tristeza.
E para quem acredita, renasceremos e nos encontraremos novamente.
Em outros corpos, mas com a mesma essência.
Sinalizo a minha mente que o perigo me ronda,
Mais dores a caminho e a cruz esta mais próxima do ponto final.
Nunca consigo dizer até breve.
E carregarei além da ida, as mágoas não ditas.
E o pedido de perdão que não veio. Não sei pronunciar as palavras corretas.
Me aprisionarei perpetuamente no desespero
Tô com medo!
Tentando me equilibrar na linha tênue da sanidade versus insanidade
Para não ter ansiedade
E voltar ainda para um passado sombrio que vivi anos atrás
Onde tenho ondas sonoras inimagináveis propagadas até o presente
Música silenciosa dos finados
Cometer os mesmos erros, parece retroagir ao caos
o disco de vinil retorna ao lado A do inicio.
A minha racionalidade aponta que é o fim de todo mundo
Até daqueles que amamos,
Mas cada vez que um parte,
Pedaços de nós se enterram também.
Minha armadura não blinda a foice que parte a vida ou daria para cada pessoa que amo.
Mesmo havendo tanta distância, o amor ainda reina.
Já somos presos a um corpo. Escravos da vida
Que padece com o tempo
Envelhece e nos abandona
Nossas almas são soltas, e deverá ser desacorrentada das amarras da obrigação de estarmos unidos. Reconhecemos, nos encontramos, nos despedimos e vivemos além da vida e da morte. A ruptura da casca, e a nossa herança genética , deixa sementes de quem somos e que nos tornam inesquecíveis e perpétuos na vida de quem nos amam. Mesmo sem vida somos eternos.
Mesmo assim, nada cessa a dor do finamento.