Quando eu morrer
Quando eu morrer
Oh, Deus, quando eu morrer quem chorará por mim?
Acaso deixarei saudades?
Deus, quem velará meu corpo vazio?
Terei lastreado verdades inomináveis?
Terei fulgurado as bem-aventuranças?
Terei contribuído para o evoluir de outrem?
Deus, permita quando eu for não leve as marcas das dores que fatigam, aprisionam, matam, limitam
Que as desilusões não sejam minhas ornamentações
Que meu sepulcro não tenha as cores das amarguras nem o mastro da revolta
Que meu coração tenha a alegria de não ter desonrado ninguém
Meu Deus, quando eu morrer cairei no esquecimento?
Serei apenas mais um número a ocupar as valas?
Serei um ente querido de alguém?
Deixarei (des) afetos?
Somos indigentes uns dos outros...
Para nascer precisamos do outro
Para morrermos precisamos do outro
Não levarei nem eira nem beira
Por que construir muralhas instransponíveis se apenas somos coadjuvantes do palco da vida?
Oh, Deus! Quando eu morrer se alguma alma lembrar-se de mim, inspira-lhe a me vestir com as flores que exalam esperança, alegria, leveza, fé e o poder de cura.
Aretuza Santos