RASTRO
No silêncio da madrugada
Ouço os passos
Se atrevendo em ir embora
No aconchego eu grito
Essa agonia de ver
O belo ir se anulado
Lamento a tristeza do meu leito
Sem dizer adeus.
Estão matando as palavras
Estão matando o bem querer
Estão matando o rastro na poeira
Sem perguntar se gostei.
Eu choro com minh'alma
O choro que eu plantei
Todo choro vem lavando
A poeira que o manto deixou
Na beira de um lago
Garça se curvou
Estão querendo tirar o brilho
Das canções e dos labores.
Tudo está tão difícil
Ouvir um arranhar de guitarras
Ouço no silêncio meu barulho
Num cantar de bem-te-vi
Sorrindo a falta da música fluir.
Eu lamento a falta do palco
Dos aplausos e do assoviar
Nos gritos de loucuras
Vindos do público a cantar
Meu peito chora de tristeza
Das saudades que lá deixei.