Exercícios Durante a Corrida no Lamaçal Humano

Alarme, e-mails, trânsito, trabalho...

O cotidiano parece intensa luta sem a esperança de vitória.

Enjaulado em mundos virtuais de tediosa melodia em selfies,

Engulo a seco as espúrias notícias do submundo político

E o fascismo que enfia ossos goela abaixo dos esfomeados.

Trabalho mergulhado em funções protocolares

E exponho o diabetes em pratos vazios de qualquer animo.

Os cansados ouvidos acostumam com o falatório trivial

Enquanto mantenho a polidez social em prosas rasas.

Em casa questiono: o que resta do sistema de gado pós-moderno?

O que importa ao universo a minha voz?

Pouco importa se tive ascendência social ou política?

Se fui humanitário ou não? Perante o universo,

O eterno buraco cósmico sou apenas minúsculo grão de areia?

Se a vida foi adornada, ilusória, festiva,

Tudo foi apenas combustível que a paixão consumia?

Sou resto de poeira estelar que tenta insuflar seu próprio valor?

E após lutar contra as banalidades do dia delicio uma lasanha, lembro da amada,

Degusto um vinho, ouço canções do Pearl Jam e animo em conversa com meus pais...

Amenizo os ocos da vida no pleno exercício de conviver com a dor,

Misturando alegrias com as cinzas enquanto corro no aguaceiro civilizatório.

E perante a insegurança do universo revalorizo, faço brilhar

O ato e sentimento que gera calmaria em toda insalubridade: o amor!

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 28/10/2021
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