Exercícios Durante a Corrida no Lamaçal Humano
Alarme, e-mails, trânsito, trabalho...
O cotidiano parece intensa luta sem a esperança de vitória.
Enjaulado em mundos virtuais de tediosa melodia em selfies,
Engulo a seco as espúrias notícias do submundo político
E o fascismo que enfia ossos goela abaixo dos esfomeados.
Trabalho mergulhado em funções protocolares
E exponho o diabetes em pratos vazios de qualquer animo.
Os cansados ouvidos acostumam com o falatório trivial
Enquanto mantenho a polidez social em prosas rasas.
Em casa questiono: o que resta do sistema de gado pós-moderno?
O que importa ao universo a minha voz?
Pouco importa se tive ascendência social ou política?
Se fui humanitário ou não? Perante o universo,
O eterno buraco cósmico sou apenas minúsculo grão de areia?
Se a vida foi adornada, ilusória, festiva,
Tudo foi apenas combustível que a paixão consumia?
Sou resto de poeira estelar que tenta insuflar seu próprio valor?
E após lutar contra as banalidades do dia delicio uma lasanha, lembro da amada,
Degusto um vinho, ouço canções do Pearl Jam e animo em conversa com meus pais...
Amenizo os ocos da vida no pleno exercício de conviver com a dor,
Misturando alegrias com as cinzas enquanto corro no aguaceiro civilizatório.
E perante a insegurança do universo revalorizo, faço brilhar
O ato e sentimento que gera calmaria em toda insalubridade: o amor!