O que é o Ser?
Não fujo de mim!
Não posso querer fugir de mim!
É impossível fugir de si mesmo!
Entrego-me de corpo e alma ao meu ser,
Mergulho profundamente na turvalidade de minha alma,
A fim de poder saber o que eu sou.
Entretanto, o que é o Ser?
Não sou o que sou,
Contudo é preciso ser primeiramente alguma coisa
para poder se negar o que não se é!
"O que é" realmente ser para que eu possa ser algo?
O Nada é o Ser,
O Ser é uma pessoa construída,
O Ser é uma ficção substancializada,
O Ser é o reflexo do Nada,
Pois é só a partir do Nada que o Ser pode Ser alguma coisa.
Então, o que vem a ser o Ser?
O Ser não nasce "ser",
O Ser se faz "ser".
Porém, como algo que não é torna-se depois "em algo que é"?
O Ser torna-se "em ser"?
O Ser infiltra em si próprio a necessidade de "ser",
Como uma casa vazia que precisa de mobília, flores e eletrodomésticos???
O Ser sente repulsa pela imagem verdadeira, que o projetou diante deste espelho_ o Nada.
O Ser é a máscara colada no rosto do Nada.
Ossos, sangue, carne, e pele escondem o quê?
A Matemática pretensiosa de entender a Vida.
Distante do mundo mecanizado,
Perco meu olhar no Vazio.
Mas como, se o Nada é vazio em si?
Como, se é o Nada tem que ser, por inferência, vazio?!
Nada é vazio;
Logo, não existe vazio.
Meu olhar esbarra em inúmeras ideias.
O Vazio não existe.
Se não existe, como é que acabei de mencioná-lo?
Tudo existe.
Como eu posso ter certeza,
Se eu não sei a abrangência de coisas
as quais estão inseridas nesse "Tudo"?
Tudo é Nada. Mas se é Nada, como pode haver então o Tudo?
Nada faz sentido na Vida.
Então o substantivo "Nada" é que constrói o sentido para a Vida?
"Nada faz sentido". Ok então!
Mas como, se o Nada é a ausência de Tudo?
Então a Ausência de Tudo é que faz o sentido?
Nada faz... Faz? Faz o quê?
Como o Nada pode fazer alguma coisa,
Se Ele é a ausência de tudo?
Como o Nada pode originar e fazer algo, se o mesmo é "Nada"?
Nada vezes nada é igual a nada, zero, inexistência!
Se Deus sempre existiu,
Então o Nada nunca existiu,
Pois Deus é um ser,
Um ser é alguma coisa,
E se sempre existiu esse ser
Então nunca existiu de fato o Nada,
[que é ausência de Tudo.
Dessa forma,
Como Deus criou o universo do Nada,
se o próprio nada nunca existiu de fato?
Portanto, o próprio Universo é Deus incriado, completo!
Nada existe ou sequer existiu.
Como "Nada" existe?
É claro que algo existe!
O quê, ou quem, existe?
O Nada, sujeito da forma verbal "existe";
E o "sujeito" sempre é alguma coisa.
Tudo é complicado, pois
"Nada é fácil"; por conseguinte, nem tudo é complicado.
E se o Nada não é aquilo que se tem imaginado até hoje?
E se o Nada é justamente a Existência de Tudo?
Cairia bem na equação: Tudo é Nada, e Nada é Tudo.
Em que eu estava pensando mesmo,
Antes do Nada entrar na minha consciência?
O Nada causando efeitos e reações!!!
Como pude pensá-lo, se o Nada é tão somente "nada"?
Todas essas ideias surgiram do Nada.
E o Nada pode fazer surgir alguma coisa?
Pelos deuses antigos e novos!
O Ser é a Loucura do Nada Velado?!
O Ser é a vontade de Poder?
O Ser precede a essência do próprio vir-a-ser?
O Ser é o caminho para se encontrar quem perdemos em nós mesmos?
Existe um Ser verdadeiro dentro de cada pessoa e contexto?
Ou o Ser é uma criação de gramáticos e poetas tolos?
O que é o Ser para merecer tantas lutas?
Ama-se o Ser-em-si ou a ideia que se forma sobre o Ser?
A Existência expelida do útero do Nada,
Ou o Nada vomitado de um dos ventres conscientizados da Existência?
A Azia da Consciência de tanto Existir e de tanto Ser!
Pois o Verbo de todas as coisas reside
Nas formas e âmagos das próprias coisas,
nomináveis e inomináveis,
E todas as coisas existem (contingencialmente) porque não são, são e depois deixam de Ser.
A Divindade do Verbo do Ser em cada ser
dura aqui, e além, do seu próprio entardecer.