GOTA QUE CHORA
Caminhei descalça
Ajoelhando à beira do poço
Desejando matar a sede
Observando o meu reflexo
Tanta água pra beber
Eu aqui tentando encontrá-la
Ao sorrir no poço
Percebi que: A sede da alma
Tocava tenuamente as córneas
Um leve gotejar riscava a face
Desceu num longo deserto
Indo bem rápido e tocante
Plim!Dom!Plim!Plá!
Caiu lá no fundo do poço
A água cristalina e pura
Sentiu-se coagida com a salobra
Num relance de memória
Optou-se por deixar a mistura
Em consagrada harmonia
Onde o choro e o riso
Abraçam a pureza
Sem perder a essência
Do Saudoso gotejar
Que caiu dos olhos
Na mistura a bela aventura
Entre a fé e a crença
Trincando o espelho
Gemendo por alguns instantes
Chuá!Chuá!Chuá!
O poço se pôs a gritar
Como grugir
Soando no beco
Alvejante de alma
Calando a natureza.