DESCE MAIS
O número 2
sem onda, numa boa,
não é um patinho na lagoa?
E o número 7
com toda esta pose rígida,
não é uma bengala para idosos?
O número 6
não é o número 9 se equilibrando
de cabeça para baixo num break
e o número 9
não é o número 6 se apoiando
sobre as próprias pernas?
O número 3
não é do número 8 a metade
e o número 8
um abraço de dois
números 3 apaixonados?
O número 0,
que sempre, para fugir de confusão,
se afirma um número neutro,
colocado a direita de 1
transforma-o no número 10
outro milagre dos pães?
O número 4
se apresenta em cena como um flecha
com a ponta cortada ao meio,
enquanto o número 5,
batendo no peito, se dizendo hétero,
não tem a barriguinha de mulher grávida?
Assim como o número 1,
que de primeiro só ele se convence,
sendo que os decimais hindu-arábicos
se iniciam no número 0
terminando no número 9, não é demais?
Para a esquerda ou para a direita,
sendo positivo ou negativo,
estes números, ditos racionais,
que se quantificam
quando somam ou subtraem
quando se fundem um ao outro,
numa relação implicitamente sexual,
só se findam,
se quisermos um final,
representados pelo número 8 deitado
oo, lá no infinito inimaginável!