O LIXO NEGRO DA VIDA
O LIXÃO QUE NUTRE A VIDA
Lixão onde o mundo despeja os detritos
As coisas usadas, as coisas servidas
As coisas da vida
Lixão onde os ratos, os vermes, mosquitos
E os restos de homens, procuram a vida e matam a fome.
As crianças brincam, procuram brinquedos
Procuram um doce, um sonho, um segredo
Procuram a infância que a vida negou
E a gente que passa feliz, bem nutrida
Contente da vida, de nojo e piedade
E vira o rosto, e foge a verdade
E as crianças brincam, e até são felizes
Porque desconhece que existe outra coisa.
Não sabem que existe outra gente, mais rica,
De terno e gravata, de mãos de pelica,
Os donos do lixo
Que tal como elas, os vermes e os ratos
Também sobrevivem do lixo da vida.