LENÇO ÚMIDO
Abri a janela secreta
Dando liberdade a alma
Onde poucos tem o direito
De chegar na soleira
E se deleitar com ela
Guardo bem lá no peito
O diário da minha vida
Na lucidez
Eu guardei a sete chaves
Onde as relíquias
Sobrevivem ao coração.
Só eu tenho o direito
De olhar a minha janela
E dar asas à liberdade
O teatro da minha existência
Eu fui artista ao longo da vida
No roteiro
Deixei a plateia sorrindo
Deixei cair a lágrima
Ao fechar a cortina.
Eu só divulguei
O que podia no meu diário
Sufoquei o pranto
Quando o pranto não era conveniente
Sentada na minha poltrona.
_____Degustei a salobra
_____Brindando o ego
_____Com sabedoria
_____Fui companheira da solidão
_____Sintetizando a lágrima.
_____O lenço que era seco
_____Encharcou-se no silêncio
_____Na postura a notória elegância
_____Curvando-se diante o teatro.