RASCUNHO DE MIM
Mateiro desconfiado,
tabaréu de pouca prosa,
avesso às bravatas
e que não sabe escolher
um terno para casamento
ou conferências;
nem pedir bebida
como um bom sommelier.
Baiano que não tem ginga,
nem samba no pé;
que canta cantigas
do mar, sem saber nadar.
Poeta demente,
pós-termo, senescente,
que insiste em espancar
as palavras em contos,
crônicas e poesias disléxicas.
A arte que é nascimento,
encontrou ideais vencidos;
a música, os ouvidos
surdos e o corpo tísico
a disritmia.
Cabeçudo por reter
qualquer forma de expressão,
aprisionado, indigesto.
Distante da família,
não por autoexílio,
mas por medo do afeto.
Misantropo sem fé e filosofia,
preso no próprio abandono,
Menestrel sem amores
e escravo sem dono.
(Apresentando-me a Manuel Bandeira em diálogo com o seu poema “Auto-retrato” publicado no livro Mafuá do Malungo,1948)
Mateiro desconfiado,
tabaréu de pouca prosa,
avesso às bravatas
e que não sabe escolher
um terno para casamento
ou conferências;
nem pedir bebida
como um bom sommelier.
Baiano que não tem ginga,
nem samba no pé;
que canta cantigas
do mar, sem saber nadar.
Poeta demente,
pós-termo, senescente,
que insiste em espancar
as palavras em contos,
crônicas e poesias disléxicas.
A arte que é nascimento,
encontrou ideais vencidos;
a música, os ouvidos
surdos e o corpo tísico
a disritmia.
Cabeçudo por reter
qualquer forma de expressão,
aprisionado, indigesto.
Distante da família,
não por autoexílio,
mas por medo do afeto.
Misantropo sem fé e filosofia,
preso no próprio abandono,
Menestrel sem amores
e escravo sem dono.
(Apresentando-me a Manuel Bandeira em diálogo com o seu poema “Auto-retrato” publicado no livro Mafuá do Malungo,1948)