ISSO É OSSO!

ISSO É OSSO!

Carlos Roberto Martins de Souza

A fome é um monstro interno que devora

Estômago de pobre e também da criança

Ela é o terror e ela existe não é de agora

Na vida de quem vai viver sem esperança

Pobre é uma classe indesejada pelos ricos

Com a política de Boçal isto ficou evidente

O cidadão vive na sargenta fazendo bicos

E os ricos pelas cidades explorando gente

Outro dia pobre comia carne de pescoço

Era a única opção que restava para ele

Hoje entra na fila para disputar um osso

Pois no Brasil ninguém pensa mais nele

Dizem quem procura osso é cachorro

No Brasil de Boçal Naro é diferente

O osso para pobres e o único socorro

E o governo não os trata como gente

Escárnio, escárnio, e carne nenhuma!

Picanha de R$ 1.800,00 para o Minto

Um tapa na cara sem vergonha alguma

Tá osso, e só osso! E o pobre faminto

Do que é que a dura e vil fome é feita?

Se não tem gosto nem cor não cheira!

Nem fede o nada é seu sabor que resta

A fome é adubada nas cestas de lixeira

Qual o endereço dela, se tá lá na favela

Ou nas grotas daquele esquecido sertão

É companheira da morte vive perto dela

E não é mais forte que o pedaço de pão

O tal KIT fome como programa a esmo

Foi lançado pelo ministro Paulo Bebes

Não tem carne então vai osso mesmo

Pobre coitado só paga gatos por lebres

Pobres vão desfilar na SP Fome Week

São modelos especializados em regime

São peso pluma, peso pena, peso pele

São todos vítimas de um grande crime

E a anorexia está nos planos de Boçal

Ele até criou mais uma palavra própria

Mais um verbete para o óbvio "Sazonal":

O Sazón para o pobre vai fazer história

Com o preço do nobre alho nas alturas

Ele não vai para as panelas do pobre

Lá ele não entra nem para as frituras

Já se tornou na culinária produto nobre

A briga é para colocar um osso na mesa

Se doado ou comprado isto não interessa

Não há certeza do destino da pobreza

Mas para comer o pobre tem sua pressa

A maior herança que a nossa geração

Deixará para seus filhos não será boa

Estamos plantando o ódio e a confusão

Fome e a miséria marcas de gente atoa

Não se mede a miséria de nenhum país

Pela pobreza ou a miséria do seu povo

Mas pela riqueza de gerentes seus ardis

Que em toda a eleição faz tudo de novo

O pobre sente a fome e a desnutrição

O abuso abandono a miséria e descaso

O pobre chora na angústia e na solidão

O pobre é apenas alguém fora do praso

O pobre corre da violência da maldade

Da insegurança e da incompreensão

Ele sonha com muito pouco na verdade

O pobre sonha com a família e a união

Ele sofre todas as duras consequências

Dos políticos corruptos e sem coração

Vivem a ilusão de mudar consciências

E verem a fome banida de nossa nação

O homem foi à lua e escreveu seu nome

Mas ainda vê seu irmão passando fome

Ele passa sútil vai embora não faz nada

Pois ele sabe certamente o que come

O horror da fome da miséria da desgraça

Põe no pobre a dura corda no pescoço

Espalhados nas ruas sentados na praça

É assim que vivem os pobres seu moço!

Alguns passando fome de maneira literal

Tem outros, mais afortunados, mais ricos

Passando fome de forma literária e moral

Vendo o pobre brigar pelos ossos cívicos

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 08/10/2021
Reeditado em 08/10/2021
Código do texto: T7359431
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