Vida que vivi!

Eu tive amigos esparsos.

Sempre nessas viagens loucas,

sem paradeiro, sem esmo, nessas estradas.

Viajei diversos caminhos, me perdendo.

Eu tive o consolo dos teus braços,

preenchendo meus vazios, nessas noites,

noites frias de insônia e solidão.

Torturando-me entre tramas e enredos.

Eu não tive família nesse caminho.

Tive mãe que não sabia dar carinho.

Tive pai ausente, terno entre tempos,

que não me acolheu em meus sonhos...

Eu tive nostalgias entre silêncios.

Tive amores desfeito entre defeitos.

Lampejos, entre medos, entre desejos.

Tive momentos entre carícias e beijos.

Eu tive essa vida que vivi,

com meus sonhos, minhas esperanças.

Prossegui cansado, desmedido, nessa vida.

Vida que vivi, fugaz, tão veloz e passageira!

Tive estradas e canteiros, inseguro e carente.

Sem amarras, afogado nessa solidão torturante.

Se escrevo é para chorar o meu pranto,

nessa vida de arremedos, que finda entre silêncios.