FEMINICÍDIO

Foi lindo o nosso começo

Um início iluminado

Pela família abençoado

Por Deus consagrado

De repente as coisas mudaram...

Foi de repente? Não

Eu é que não vi os sinais

Acredite... os sinais estavam lá...

Foram reclamações...

De tudo o que dizia

De tudo o que fazia

De tudo o que vestia

Das amigas que conhecia

Foram palavras grosseiras

Um tapa no rosto

Seguidas de um pedido de desculpas

E juras de amor

Seguiram-se empurrões

Um soco, um pontapé...

E eu me perguntava ...

Onde está o homem com quem me casei?

E lá ele voltava...

Carinhoso, atencioso

Com presentes e pedidos de desculpas...

E novamente... eu perdoava

Virou uma rotina infernal...

Já não conversavamos

Já não brincavamos

Já não saíamos

Já não nos amavamos

Aquele que diante de Deus

Prometeu me amar e cuidar

É quem me desarmava e me destruia

Me humilhava e envergonhava

Fui ignorando os sinais

O anormal passou a ser normal

A mente e o corpo acostumaram-se a dor...

Essa não era eu

Ja pensei em separar

Mas onde estava a coragem?

O que a sociedade diria?

O julgamento viria...

Lamento dizer, mas me acovardei

Naquela noite maldita

Embriagado ele chegou

À mim e aos nossos filhos gritou

Horrível o ambiente ficou

E eu sofria calada.

Os nossos filhos? esconderam-se aflitos

Mais uma jornada de conflitos

Brutalmente agredida

Fatalmente perdia a vida

Mamã por favor... acorda

Mamã não nos deixes

Meus filhos...

agora é tarde demais...

A mamã se foi!!!

Djalma de Andrade Boavida Agostinho e Tatiana Agostinho
Enviado por Djalma de Andrade Boavida Agostinho em 04/10/2021
Código do texto: T7356026
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