Se nos encarássemos de perto
Amanhã, se eu me encarasse de perto
Tropeçaria nos trigais da solidão, pois
Estou tão imerso no antes e no depois
Que até minha companhia seria um deserto.
Amanhã, se eu me encarasse de perto,
Na tempestade de meus prantos eu cairia,
Ao ver que estaria bem longe de mim é certo,
Pois dentro de minhas lágrimas ainda viveria.
Amanhã, se de fato te encarasses de perto,
Teus olhos não te reconheceriam, decerto.
Tocarias com tua mão esse rosto disfarçado!
E só encontrarias um fantasma vazio ao teu lado;
Só verias as sombras de teus sonhos incertos
E acharíamos os ecos de quem já fomos no passado.
Se nos víssemos de perto hoje ou amanhã,
Só encontraríamos máscaras e vaidades vãs.