A DANÇA DO TEMPO

O tempo do amor não marca hora...

Secretos instantes revelam o momento

em que a tristeza, triste, vai embora,

levada pela carruagem do vento...

Esguios bambús desafiam o canto do rio

e sussurram canções dóceis e macias,

notas felpudas se arrepiam de frio,

tremem as omoplatas das poesias...

Fachos e fachos de luz, amontoados,

esperam a aurora decidir amanhecer,

asas de sóis batem, o tempo parado

espera um novo infinito nascer...

Ah...queres saber a origem do que és,

o que tem dentro de si que está aqui fora,

como se compõe a alma da cabeça aos pés,

se a angústia de ficar é a mesma de ir embora...

Não vai te ajudar, o tempo, por não existir

da forma que teu relógio quase o alcança;

cada corpúsculo constelar ainda está por vir,

movendo um outro tempo que no ar dança...