AH! TEMPO...
AH! TEMPO...
Carlos Roberto Martins de Souza
O tempo traiçoeiro faz com que o homem
Sem querer sem perceber baixe a cabeça
Das regalias da vida que era o maior bem
Faz com que o velho homem as esqueça
Sem nos deixar qualquer opção decente
Do homem o tempo torna-se seu patrão
E quer que o homem obedeça reverente
Caminhando na vida rumo a seu caixão
Quer que o homem cansado permaneça
Espantado enfadado subjugado e sofrido
E faz com que o homem se recrudesça
Daquele seu momento jovem esquecido
O tempo é traiçoeiro e sem compaixão
Deixa o cidadão matreiro e combalido
Só para a sua exaustiva perseguição
Quando o homem pela morte é falecido
Ele vive escondido mas sua ação é cruel
Endurece juntas cria rugas tira os dentes
Tira a beleza da jovem e desbota o papel
Sua forma de agir não tem precedentes
Com os anos de vida ele aumenta a carga
O peso da luta às vezes até nos enverga
Alguns se escora na bengala e amarga
A dura realidade de ver a vida posterga
Mesmo que adoçado com o melhor mel
A sua dose será sempre muito amarga
Muito no fim da vida nem olha pro céu
O corpo enrijecido não erge a sua carga
Nosso carrasco bota na visão um véu
Que pela idade deixa tudo cinzento
Diminuiu todo sabor até de ver o céu
Que possui para a alma o alimento
Deixa o homem desesperado sem valor
Só faz aumentar no homem o sofrimento
E também aquela sua temerosa dor
A vida segue o curso sem nenhum alento
É bom de papo e só ele tem argumento
E o homem que é vítima é sem defesa
O tempo é o monstro que rosna talento
Mostrando ao mortal a sua grandeza
Sem alterar o curso ou mudar de atitude
Faça sol ou faça chuva ele na sua frieza
Implode a velhice dinamita a juventude
Desgastando e tirando dela a beleza
O tempo é quem tem certeza absoluta
Do que ele é sozinho eficiente é capaz
Ele manda no nosso presente na labuta
O seu futuro é ele quem sutilmente trás
É o dono da verdade nunca teve piedade
Das maldades que ele ao ser humano faz
O tempo é o carrasco e com crueldade
Não considera o que se o ser eu capaz
O homem não é eficiente de por si só
De estar no comando de sua vida aqui
E com o passar dos tempos da um nó
Vai ele o pobre homem envergando
A regra é dura nunca o homem a renova
Na sua guerra insana contra o calendário
E no desespero faz com que a sua cova
Vá dele se aproximando seu obituário
O tempo é a comporta no oceano da vida
Por mais que o homem tente abrir a trava
Não adianta ele não vai encontrar a saída
A situação a cada dia apenas se agrava
Ele é certeiro pontual e cruel nos motivos
Em silêncio de ninguém tem piedade
De todos os seres na terra dos vivos
Vai passando e tirando a liberdade
Mesmo o homen estando em fugas
Lutando e fazendo das tripas coração
O teimoso tempo marca com rugas
A cara sofrida da perdida multidão
Ah! Tempo! Tempo há! Ele não vai parar
É dono da vida sua e minha também
O seu aviso prévio está para ele assinar
No tempo que só ao tempo convém