Favela

A vida é como um barracão

Bem na entrada da favela

A gente mantém a visão

E outrora algo se revela

De dia sobe camburão

Á noite se assiste novela

De madruga desce caminhão

Á tarde alguém se rebela

Ás vezes ocorre "pelada"

No intervalo após o "trampo"

Ás vezes cai um na "quebrada"

Bala perdida, grito e pranto

Caminhão pipa subiu pra salvar

Água acabou antes do entardecer

"Os homi" vieram patrulhar

Tiroteios voltaram a ocorrer

Do barraco assiste calado

Lamentos da reportagem

O cantar de um desafinado

Com macumba e sacanagem

Bicheiros vendendo sonhos

Traficantes cativando "noiados"

Comércio trocando alimentos

Vizinhos sendo reclassificados

Um garoto quer ser jogador

E o bebê acabou de nascer

O pai que é tatuador

E os boletos que vão vencer

A pinga no bar da esquina

As buscas por um ideal

O marasmo ruim da rotina

Os medos do Juízo Final

O velho perdeu um parente

A jovem que engravidou

Tem tonto que finge ser crente

A idosa foi quem me contou

A Lua ilumina a calçada

E a fumaça saiu da chaminé

Tem roupa nessa sacada

E cachorro com bicho-de-pé

Tem dia que rola um pagode

Tem noite que é só "batidão

Vizinhos querendo firmar

Acordos com algum "patrão"

A favela é o canto da cidade

Que o padre não abençoou

Por medo da tal igualdade

Que o povo se ajuntou

Glaussim
Enviado por Glaussim em 23/09/2021
Reeditado em 23/09/2021
Código do texto: T7348721
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