TEMPO GENÉRICO
Sabe-se pouco de tudo
e muito de quase nada.
Falta constância.
Acorda menino,
acorda menina!
Elas, eles e elos.
Todos, todas e todes.
Acorda tudo!
Estamos em tempos
de morte à míngua.
Tempo melancólico,
transitório,
cheio de fragilidades.
Falta gente verdadeira
e verdades nuas.
Estamos meio cibernéticos,
virtuais,
como avatares tristonhos.
Não se sobe mais em árvores,
não se pula muros.
Mundo triste
de poucas raladuras.
Falta bernes na cabeça,
bicho de porco entre
os dedos,
falta chão, riacho
e tropeços.
Tudo é asfalto, pés calçados
e ar condicionado.
O professor está debaixo
da carteira, pressionado,
relativizando a didática,
criando métodos suaves,
garimpando as pedras
do caminho.
O real e o sonho
flertam com os colibris
de flor em flor.
Tempos de ansiedade,
pânico e depressão.
Há muito sofrimento
por falta
de um pouquinho
de dor.
(Pintura: Remedios Varo – “Olhos sobre a Mesa” - 1938)
Sabe-se pouco de tudo
e muito de quase nada.
Falta constância.
Acorda menino,
acorda menina!
Elas, eles e elos.
Todos, todas e todes.
Acorda tudo!
Estamos em tempos
de morte à míngua.
Tempo melancólico,
transitório,
cheio de fragilidades.
Falta gente verdadeira
e verdades nuas.
Estamos meio cibernéticos,
virtuais,
como avatares tristonhos.
Não se sobe mais em árvores,
não se pula muros.
Mundo triste
de poucas raladuras.
Falta bernes na cabeça,
bicho de porco entre
os dedos,
falta chão, riacho
e tropeços.
Tudo é asfalto, pés calçados
e ar condicionado.
O professor está debaixo
da carteira, pressionado,
relativizando a didática,
criando métodos suaves,
garimpando as pedras
do caminho.
O real e o sonho
flertam com os colibris
de flor em flor.
Tempos de ansiedade,
pânico e depressão.
Há muito sofrimento
por falta
de um pouquinho
de dor.
(Pintura: Remedios Varo – “Olhos sobre a Mesa” - 1938)