Desisto de confiar em mim
Por que tem dias que tudo parece tão incrível
a vida fluindo
felicidade que transborda
autoconfiança lá em cima
tudo está mil maravilhas
Outros dias,
bate um desânimo
insegurança
incertezas
“quem eu sou?”
“pra onde vou?”
“eu sou uma farsa”
devo parar
desistir
sumir?
Há um incômodo tão grande
mas eu sinto que algo vai nascer dele
nada é por acaso
o que ele quer me dizer?
o que devo aprender?
onde posso melhorar?
o que preciso ver e ainda não está claro?
Ah vida, é tão difícil quando não te entendo
mas será que quando está tudo bem
é quando mais te enxergo?
Talvez, seja na escuridão que começo a te procurar melhor
é quando duvido das minhas certezas
que de tão certas
eu questiono:
quanto elas me enganam?
Será que essa é a graça e beleza?
duvidar
questionar
explorar e aquietar
contrair e expandir
entristecer
para entender
a alegria de um simples despertar?
Estamos num eterno sentir
ora coisas boas
ora dores que nos calam
Há quem se descobre na euforia
Há quem se descobre na melancolia
Há quem confia em si mesmo
quando tudo vai bem
Há quem se entrega à fonte da vida
quando sua própria força não dá mais conta
Talvez,
autoconfiança seja uma blasfêmia
uma falsa crença
a maior ousadia
de todos os tempos
Somos seres limitados
nossa inteligência nos engana
a força se esgota
e quando chega a hora de se entregar
vem a Vida nos reerguer
nos segura em seus braços
cuida de nossas feridas
nutre nossa alma
e assim, abastecidos
ganhamos um novo fôlego para seguir
Não sou eu
nunca foi
se me sinto fraca
é porque confiei demais em mim
esqueci de onde vim
e quem habita meu interior
A entrega
é meu ato de confiança
eu desconfio de mim
para confiar no Senhor
Eu nada sei
mas quero aprender
me ensina a matéria mais importante da vida?
Amar além da teoria
Eu sei que vou errar
Não tenho mais medo
Agora eu entendo
que ele só existe
quando o ego domina
a essência divina.