SERÁ QUE SOUL?

Será que sou um pássaro

que não sabe voar,

ou será que serei um ácaro

mínimo, corpuscular?

Será que sou um poema

que precisa de cesariana,

ou será que serei uma pena

do travesseiro, na cama?

Será que sou um aventureiro

em busca de travessias,

ou será que não dou nem pro cheiro

na arte de compor poesias?

Será que sou um paradigma ambulante

a vasculhar o céu da filosofia,

ou será que serei, por um instante,

o sangue estancado na sangria?

Será que sou um, em vez de dois,

a procurar a face oculta,

ou será que serei um mero grão de arroz

lançado pela catapulta?

Será que estou à claras

em minhas súbitas idéias,

ou será que serei as taras

de todas as prosopopéias?