Súbito
Súbito, percebo tanta ausência.
Percebo essa prisão, percebo esses versos.
Tenho frio, tenho sede, tenho desertos,
nesse corpo destituído de paixão, em descompasso.
Descubro poesia, entre espantos, entre arremedos.
Súbito renasce em mim sutilezas, nesse caminho,
rompendo meus desatinos, ficando só essa culpa,
entre lágrimas e desatinos, nessa vida desvairada.
Tímido fervor me acalanta nessa súbita ilusão,
ilusão de amores como ópio, como fonte, como vício.
Súbito me entrego aos meus devaneios, me concedo,
esses sonhos, nesses versos, nessa vida desmedida.
Outra vez mais os mares, as marolas me instigam.
Súbito, sou só vento, só ânsia, entre sombras,
entre abraços, nessa lua cheia, me deleito.
Entre gritos desabito esse corpo, me liberto.