Tecelã

Lá vou eu novamente

Vender-me mais um pouco

Sentindo em minh’alma o oco

Aproveite a oferta e leve minha mente

Meu tempo, já tão efêmero

Eu aqui, me vendendo por inteira

Para que alguém seja, próspero

Eu sou só uma passageira

Dizem que se chama liberdade

Poder ir e vir pela cidade

É algo mágico, essa prisão

As grades reluzentes de ilusão

Aqui estou, novamente

Vendendo mais um pouco de mim

Desperdiçando as horas sem fim

Me matando, paulatinamente

Esse mundo tão austero

Consome toda minha essência

Vendo-me, por um trocado, mísero

Que mal garante minha existência

Vou tecendo a minha liberdade

Usando linhas de felicidade

Teço o manto, a me cobrir

No fim da linha, a morte a sorrir

Isabbel Such
Enviado por Isabbel Such em 28/08/2021
Código do texto: T7330330
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