Tecelã
Lá vou eu novamente
Vender-me mais um pouco
Sentindo em minh’alma o oco
Aproveite a oferta e leve minha mente
Meu tempo, já tão efêmero
Eu aqui, me vendendo por inteira
Para que alguém seja, próspero
Eu sou só uma passageira
Dizem que se chama liberdade
Poder ir e vir pela cidade
É algo mágico, essa prisão
As grades reluzentes de ilusão
Aqui estou, novamente
Vendendo mais um pouco de mim
Desperdiçando as horas sem fim
Me matando, paulatinamente
Esse mundo tão austero
Consome toda minha essência
Vendo-me, por um trocado, mísero
Que mal garante minha existência
Vou tecendo a minha liberdade
Usando linhas de felicidade
Teço o manto, a me cobrir
No fim da linha, a morte a sorrir