Douto da ignorância
Um autógrafo sequestrado das mãos
de uma criança
pedaços de saudade daquilo que sou,
sou em meu código genético
mas não no código social
um macaquinho se articulando
e usando seus métodos de comunicação.
Está impresso na minha pele
a marca da natureza
por mais que a civilização me desnature
me façam negar o odiar o que sou
animal, cheio de instintos complexos
nascer, crescer, reproduzir, e morrer
o resto é passa tempo
esquecimento.
A dádiva de esquecer
frente à maldição de lembrar
insculpe tenebrosos calafrios
numa espinha já moída
gera cansaço no que, em tese, seria uma simples passagem
bem-humorada
neste plano
Qual?
O plano dos deuses não foi apontado
o dedo de traquinagem está aqui e ali
mas seguimos sendo o que não somos.
acreditando que um dia descobriremos
que não somos aquilo que vamos acabar descobrindo que somos.
Um salve aos doutos da ignorância
aqueles que realmente não sabiam.
Acho que sou meio assim.
Homo insapien insapien:
Homem que não sabe que não sabe
e não quero saber.