DISPOESIA
Desisti de vez!
Não vou insistir mais ser poeta!
Nesse momento, me interessa somente ter!
Não riscarei por aí mais, meus devaneios, a manchar papel!
Não pretendo prosseguir, rimar os sofrimentos do mundo,
A ver tudo, misturar-se com minha dor!
Não serão mais de meus domínios,
Nem o amor e a saudade!
Nem a solidão, tampouco a alegria e a felicidade!
Apenas desejando e devendo ser, bem mais prático!
Frio, se tiver que ser, serei... mais arredio e real
Vou procurar tão somente, sobreviver!
Recuso-me!
Ver, de hoje em diante pássaros em ocasos!
Estes, responsáveis por tirar minha paz, todos os dias!
Chatice e mesmice, isto tudo!
Ainda mais, a poluir com seus sons, meu lúgubre entardecer!
Não vou mais olhar para os lados, nem para cima
Afinal fazer isso, para ver o quê? ...nunca consegui mesmo, ver o céu!
Não vou perder mais tempo, a contemplar alaranjado arrebol
Avermelhando e transfigurando todo o infinito
Falando nisso, ele é distante demais e nunca chegarei lá!
Forçar querer ver e ler todas as cores do arco-íris
Queima-me, demais os fortes raios de sol!
Ademais, minha pele quase tosta, arde e bronzeia...
Para quê tanta efervescência?
Desgostei fitar, olhar e nada ver! Nada, a ver!
Noites faiscadas, estreladas...Luas que crescem manhosas
Que se enchem, depois se abatem, para outra nova despontar Nascer para tomar o espaço sideral.. Isso mudará, o quê?
Não vou mais cultuá-las, nem gosta-las,
Prefiro um breu fechado, em negro véu!
Não serei mais testemunha de amores sôfregos,
Romances raros felizes ou na maioria das vezes, infelizes
Matizes de cenas e sonhos enternecidos, repletos de ternura
Entre enamorados, demasiadamente melosos
A prometerem, amor total pra sempre,
Postas em juras eternas, sem fim...
Não! Essas coisas não terão mais o poder,
De me seduzir, nunca mais irão me comover!
Plantas, para quê!
Brotam, nascem, nos tiram tempo que já é escasso
Aí, se copam, pós despetalando-se, murchando até morrer
Não permitirei perto de mim abelhas, sejam de que tipo forem
Zanzando por aí, por ali, por aqui, a fabricarem, favos mel!
Não vou me emocionar com os bailados rasantes,
Sem graças e sem porques, dos desocupados beija flores!
Flores e folhas secas se prestam, ser só sujeiras espantadas
Imundícias infrutíferas, adubo em solo tomado e espalhadas!
Que no fim terá que ser 'eu', as porem para fora do caminho!
Ainda brigar contra os ventos para conseguir, poder varrer!
Hey..
Sem pensam este ser eu, enganam-se todos vós, pois ninguém me provou, convenceu ou provará um dia que tudo isso que acabei de dissertar e negar para todos, não faça mais parte de mim!
Pertenço, na proporção igual, à poesia...
Assim, como espera a noite, por um novo dia!
POETA
PARA SEMPRE, SEREI!!!!