LAMENTO
Se a canção não tocar mais nosso coração,
o que será das cordas do violão?
Se o cinismo estrangular o riso e der gargalhadas de nós,
quem vai calar sua voz?
Se a verdade dobrar a esquina, renunciar, deixando a mentira a sós reinar,
em quem vamos confiar?
Se a injustiça nos colocar sobre a areia movediça e a flor do bem querer murchar ao amanhecer,
o que fazer?
Se o pincel do preconceito pintar o amor sem cor,
descolorindo a alegria,
o que será da fantasia?
Se o desejo não mais sucumbir ao beijo na saliva viva de uma noite de amor,
o que restou?
Se a intolerância sufocar a paciência e a esperança não encontrar abrigo no ombro amigo da sabedoria,
quem será nosso guia?
Se o egoísmo, ganancioso que é, fizer mais gols do que o Pelé,
quem vai driblar esse olé?
Se a inspiração entrar em rota de colisão com a tirania,
quem vai salvar a poesia?
Se o rancor despedaçar o perdão,
quem vai juntar os caquinhos espalhados ao chão?
Se a paixão não abrir as portas do sentimento e sentar no sofá mais belo do
seu lar,
o que o amor dirá?
Se o rio do prazer de ontem secar sua fonte e a lágrima correr,
quem vai nos socorrer?
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Desafio que provoca em nós resposta cada vez mais veloz.