LAMENTO

Se a canção não tocar mais nosso coração,

o que será das cordas do violão?

Se o cinismo estrangular o riso e der gargalhadas de nós,

quem vai calar sua voz?

Se a verdade dobrar a esquina, renunciar, deixando a mentira a sós reinar,

em quem vamos confiar?

Se a injustiça nos colocar sobre a areia movediça e a flor do bem querer murchar ao amanhecer,

o que fazer?

Se o pincel do preconceito pintar o amor sem cor,

descolorindo a alegria,

o que será da fantasia?

Se o desejo não mais sucumbir ao beijo na saliva viva de uma noite de amor,

o que restou?

Se a intolerância sufocar a paciência e a esperança não encontrar abrigo no ombro amigo da sabedoria,

quem será nosso guia?

Se o egoísmo, ganancioso que é, fizer mais gols do que o Pelé,

quem vai driblar esse olé?

Se a inspiração entrar em rota de colisão com a tirania,

quem vai salvar a poesia?

Se o rancor despedaçar o perdão,

quem vai juntar os caquinhos espalhados ao chão?

Se a paixão não abrir as portas do sentimento e sentar no sofá mais belo do

seu lar,

o que o amor dirá?

Se o rio do prazer de ontem secar sua fonte e a lágrima correr,

quem vai nos socorrer?

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Desafio que provoca em nós resposta cada vez mais veloz.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 22/08/2021
Código do texto: T7326147
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