QUANDO AMAR
VIRA SERTÃO


Olhe, que ele veio
do sertão.

Acostumado que é
a aridez, securas
e a vida dura,
nunca esperava
tempos piores.

Mas o futuro,
é um lugar que
cabe tudo,
todas as coisas.

Esperava que tudo
já estivesse passado
ou pelo menos
os piores dias.

O mar e o amor
sempre foram
abundâncias,
possibilidades e fartura.

Pois bem, não é
que o afeto secou.

O sol e a brisa do cais
que sempre ressoaram
poesia e encontros,
de repente ressecou.

Agora, defronte
desse mar azul, azul…
quase infinito,
morre de sede,
àvido por uma gota
de carinho
e compreensão.

Mas como tem
alma de cactos,
guarda a esperança
de que o amor
em algum momento
irá ressurgir.

Espera,
mas não fica triste.
Aguarda esperançoso,
como um bom sertanejo.

Em meio à tristeza,
um sorriso contido,
pois tem a certeza
que o sertão interno,
diante desse mar
azul, azul…
quase infinito,
irá reflorir.