O colecionador de palavras

O colecionador de palavras

saiu a fazer seu garimpo;

queria um texto bem limpo

de acordo com sua lavra.

Das minas trouxe um tesouro,

brilha, encanta e reluz

tão forte como a própria luz;

brilhou em seu verso o ouro.

Embrenhou-se na floresta,

mas voltou ressabiado

com fogo pra todo lado,

sem motivo para festa.

Queria trazer do oceano

conchas, minerais e o sal;

foi com esperança - mas qual;

plástico, borracha e pano.

Visitou nações em guerra,

procurou inspiração,

e viu só desolação;

não havia paz na Terra.

Só lhe restou um poema

com ouro que de nada vale

para corrigir tantos males;

chorou de si com muita pena.

©Bispoeta