Pobre folha
Uma folha alaranjada
Do outono que passou
Foi pelo vento arrastada
Que na água a jogou
Lá no rio suas mágoas
Vagando na correnteza
Por cima daquelas águas,
Pobre folha, que tristeza
Descia toda chorosa
Sem ter onde se agarrar
E da árvore frondosa
Começou a se lembrar
Do seu galho tão bonito
Flores com quem cresceu
Das nuvens lá do infinito,
Chuva que do céu desceu.
O canto dos passarinhos
Em verdadeiras toadas
Despertavam nos ninhos
Nas manhãs ensolaradas
Os animais que paravam
Sob à árvore a descansar
E na sombra ali ficavam
Esperando o sol baixar
A pobre folha descia
Sem conseguir entender
Aquela água que corria
E a levava sem querer
De repente do seu lado
Outra folha apareceu
Tinha o tom alaranjado
Igual como era o seu
A folha então percebeu
Que tudo um dia termina
Que na árvore ela nasceu
Para cumprir uma sina
Da árvore se desprendeu
E o vento então a carregou
Nas águas, a folha entendeu
Que a sua missão findou
Assim é a lei desta vida
Os anos vêm, e se vão
Tem dias de rosa florida
Outros, pétalas no chão