QUESTIONÁRIO
Quem saberá perder
quando o incerto
nos atinge
feito flecha
diretamente no peito
e perfura
o coração descompromissado?
Quanto tempo
levará para o tempo
deixar-nos em paz
diante do medo
excessivo do futuro
à espreita?
Quantos anos mais
das nossas vidas
tão pequenas
serão roubados
enquanto fingimos
sorrir com cada
aplicação
de anestesia?
Quantas perguntas
continuaremos
a fazer sempre
que erramos
nossas escolhas
sem noção
disso?
Qual será o limite
entre amar e morrer,
sentir e mentir
o que se sente,
para não correr
sérios riscos
de parecer idiota
aos olhos maliciosos
de outrem?
Que há de novo
nessa dádiva
tão serena
amuada de incertezas
abatida
ao céu escuro
da noite turva?
Perguntemos
algo além de nós
tão sombrio
quanto nosso espanto,
quem se habilita
servir de livro aberto
sem temer julgamentos?
Mistérios... Mistérios...