MEFISTÓFELES

Agachado na guia da calçada, fumava

olhando as pessoas que na rua passavam,

com meu olhar vazio, olhando para o nada,

quando atrás de mim, saindo do beco,

um vulto apareceu tocando-me o ombro,

pedindo-me o isqueiro emprestado,

estiquei o braço e dei-lhe o isqueiro

sem nem mesmo voltar-me para trás!

De repente, o vulto dirigiu-me a palavra,

dizendo-se Mefistófeles o guia de Fausto

e prontificando-se, se eu quisesse, a guiar-me

para conhecimentos pelos homens ignorados!

Sem voltar-me, nem olhá-lo, estiquei o braço

e pedi de volta o isqueiro emprestado,

com o isqueiro na mão levantei-me

e no meu vazio, misturei-me a multidão,

caminhando sem rumo acertado!

Trago no peito angústia que não se acaba

da minha amada me arrancada

pelas mãos da morte, hoje minha musa,

entre as musas dos grandes poetas,

e sigo amargurado pelos caminhos meus,

se de nada adiantou as explicações

para tudo o que me haviam tirado,

me dada, pelo dito criador de tudo, deus,

em nada me interessava qualquer alento,

que me propunha a encarnação do diabo!

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 16/07/2021
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