A FORÇA DA MULHER INDÍGENA 

Dona das eras

Filha do rio

Aprendeu com as águas

A seguir sempre em frente

Superando desafios. 

Caminho que a aldeia ensinou

 Na vivência o aprendizado 

Sabe ser liderança

 Faz sua luta com cuidado

Na pisada a confiança.  

Na cidade sua voz é ouvida

Nas tribunas e nos jornais

 Articula e busca direitos

 Pela vida dos seus e dos animais. 

Entende a força do sagrado

 A ciência vem do fumo tragado 

Na casca do tawari é enrolado 

Permissão aos seres encantados

Já chegou a pajé para dar seu recado.

No cuidado com os filhos 

É doutora e sabe ensinar 

Observa de longe o menino com as águas conversar

No silêncio da escuta o ensino primeiro 

Cuidar do outro é viver o verbo amar.

E a natureza cuida de todos 

Como mãe não faz distinção 

Para todos nasce o sol

 Vai adoçando o fruto, prepara o chão. 

A mulher indígena é natureza

Filha de um grande trovão

É flecha que dispara serena

 No eco que leva cultura, educação.

Ela está em todos os espaços

A Universidade tem que buscar essa interação

Ouvir os saberes dessas guerreiras 

Para haver entendimento de mundos, cooperação.

Chegamos no ano 2021

 Lutando contra a devastação

 As mulheres se articulam em marcha

 Formando teias, redes, segurando as mãos

 Enfrentam balas de efeito moral 

Contra PLs e outras violações

O gás cai nos olhos

Mas a dor é espiritual.

A força está nas ações

Que buscam fortalecer a coletividade

Não há luta que resista

 Sem a energia e benção da ancestralidade.

É preciso sentir a identidade

Para entender que liderança, poder

 Precisa ter amorosidade

Só assim nossa nova geração 

Saberá ser continuidade.

A força da mulher indígena

 Vem de gerações 

E se traduz na atualidade

Como flor de samaumeira 

Se espalha na aldeia e na cidade. 

Texto de Márcia Wayna Kambeba 

Márcia Wayna Kambeba
Enviado por Márcia Wayna Kambeba em 15/07/2021
Reeditado em 15/07/2021
Código do texto: T7300297
Classificação de conteúdo: seguro
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