Trapos
Há muito não via as peças em minha estante.
Observo-as agora, um tanto assustado e colérico.
Memórias.
Serão delas ou minhas?
Indubitavelmente..., minhas.
Amareladas, desbotadas, carcomidas pelas traças do tempo.
Serei eu esse(s) trapo(s)?
Não sei. Porém, sei que são elas os traços...
Rabiscos de minha história.
Duma história que escoa entre meus dedos.
Mas que ecoa em minh’alma e faz sangrar meu coração.
Sinto nos ombros o peso.
No sangue que jorra, o contrapeso.
Já não respiro mais como outrora...
[...]
Silenciado, ouço a voz e o amor que me tocam.
Não estou só.
Ergo a cabeça..., seguro outra pena.
Suspiro...
Novamente respiro!
(Re)escrevo minha história.
Agradeço (a)os meus trapos.
Ipatinga, 10 de julho de 2021.