Estes versos vêm das entranhas

Estes versos vêm das entranhas

das profundezas do meu ser

provocado a renascer

em circunstâncias estranhas.

Nem tão anjo, nem demônio,

sem outras intenções

que não sejam impressões;

vejo os fatos e os exponho,

sem revolta, sem desamor,

sigo vendo a desarmonia,

um espanto a cada dia

abalam meu eu sonhador,

trazendo-me à realidade

contraditória do ser humano

que atravessa vários planos

do extremo amor à crueldade.

Armas destroem em segundos,

vacinas que salvam vidas,

próteses que dão sobrevidas

enquanto outros jazem moribundos.

As mortes já não causam espanto;

a inconsequência de alguns

anestesia a dor de cada um;

não dá pra estancar o pranto.

©Bispoeta