IMPERMANÊNCIA
Minha poeira
vai sendo levada
pelo tempo
e tento
não ser indiscreto
ao perceber
indo-se,
em cinzas volantes,
ilusões tolas,
impressões tênues,
atitudes toscas.
E as cores
que o tempo ofusca
como o eco
que no tempo esvai.
E as folhas
que o tempo murcha
como o ego
que no tempo cai.
E as formas
que o tempo pune
como o prédio
que no tempo rui.
E os sonhos
que o tempo acua
como a sombra
que no tempo dilui.
E as terras
que o tempo inunda
como o céu
que não nega a luz,
como a vela
que no vento flui,
como a fé
que no tempo é busca
que no tempo é luta
que não muda nunca.