E por tantas vezes ter sido eu mesmo
Na voragem alucinada das estradas
Perdi-me; e eis o desconsolo...
Não me reconhecer naquele que me chama
Ao raiar dos dias, no ocaso das semanas...
O tempo que o comanda, este ser bruto
Este homem deixado à míngua do querer
Não sossega a fera indecente, o impudente
Que anseia em seu estado seu bel-prazer.
E sem alíbi confiável vai se desfazendo
Nas idades que se acumulam, como poeira
Nos móveis da sua consciência, abandono
Insolúvel equação duma vida inteira.
Crédito da imagem : https://www.facebook.com/lextattooart/posts/1972879499487828/