Vivência.

Bela era ela

Poesia entre acordes

Beleza que se beija

Mordida que se deseja

Ela morde

Espinho que ardia

Que ardia atrasado

Era dor que era viva

Como são vivas as saudades

Como eram vivas

As árvores em cujas sombras

De mãos sujas estávamos

Todo dia, na hora do almoço

Onde a gente semeava

Sementes de sonhos

Que permaneciam

Aguardando que lágrimas de tempo

Viessem regá-las

E era vida e morria

Mas ficaram chaves escondidas

Em meio a frases sem sentido

Que nos vem nas falas, nos acertam

Nos momentos em que a alma

Te parece que deseja desertar

Bela era ela

Beleza que deseja ter por perto

Como belo é o olhar

Quando a gente só quer ver

Sem medo de perder

Nem prender e nem tocar

Assim que nos pertence

Por ter conquistado

Pois o tempo vence a quase tudo

No silêncio que se escuta

O poder que se oculta

Temeroso aliado

Que luta em favor do outro lado

É assim que nos parece

Vida à toa

Alegria que dói

Dor da boa

Amor que faz sentido

Bela era ela

Poesia que transforma a gente

Em ser pensante

No momento em que descobre

O fruto da vivência

O ser vivente

Que devia ter sido desde sempre.

Edson Ricardo Paiva.