Sopro
O pó vem do além;
Grãos que nos cobrem
E fecundam incertezas:
Conta o metal nobre?
É forte a realeza?
Fortaleza entregue à sorte?
Eis que toda certeza e norte,
Em instantes, questionados.
Pólen em sopro inesperado
Fez pesar nossos suspiros.
Confinou-nos separados:
Cada qual em seu retiro!
Onde pesam nossas sombras
Nossos medos, nossos mitos.
São enterros sem os ritos
Em covas rasas sem as pompas
Que nos tornam diferentes
Pelas castas e pelas mantas.
Quando, enfim, finda o enredo
Que, em tempo, tarde ou cedo,
Nos iguala e nos chama.
É imposta a partida
Sem a justa despedida
Que leva em sopro nossa chama.