Desabafo
Alguém que me pergunte
Se estou bem ultimamente.
No entanto, eu prefiro me esquivar dessa pergunta.
Alguém que me pergunte
Se tem sido fácil cruzar os meus oceanos
Ou se o mar está revolto como sempre.
Eu conheço a dor crua e dilacerante.
Eu sei o estrago que a minha intensidade provoca.
Ela chega tumultuando e bagunçando tudo.
Às vezes eu tenho vontade de ser menos intensa,
Só para entender como é que os outros podem viver tão tranquilamente,
Com as coisas que me devoram permanentemente.
Quando eu vejo,
Estou catando os meus pedaços que caíram por aí.
A vida tem sido cruel.
Me sinto à deriva,
Sendo tragada pela correnteza,
Sem ter onde me segurar para não afogar.
Mas sigo.
Eu sigo em frente.
Nem sempre disposta.
Nem sempre inteira.
Nem sempre sabendo as respostas.
Mas sempre de pé,
Demonstrando quem sou.
As pessoas não tem o menor cuidado com o que dizem a mim.
Eu sou profunda e assusto quem é raso.
Eu sou resistência.
Eu caminho.
Nem sempre estável.
Nem sempre com a sanidade intacta.
Mas segura com a minha verdade.
Não queira está na minha cabeça.
Eu entro em looping com tantos pensamentos.
Tudo em mim é possibilidade.
Uma faísca que pode queimar tudo ao redor.
Quando estou quebrada, a poesia me reconstrói.
Quando estou inteira, a poesia me liberta.